Carta para a Tatiana de 10 anos atrás…

Eliane Almeida

Que legal Tati! Ops, Tatiana! rsrsrs…
Adorei! Deu até vontade de escrever uma pra mim! hahaha…Bem que você poderia falar o que deu certo e o que não certo, no que vc escreveu a 10 anos atrás 🙂

Super bjo Tati!

Giselle

Oi Giselle, como vai?
Mais ou menos? Pois é…eu sei, vc tá “penando” nessa faculdade né?
Então, o que eu te digo hoje, largue essa faculdade que vc tá insistindo em terminar, não é pra vc, as pessoas te deram uma ilusão e vc acreditou, Engenharia não dá, faça educação física, vc está com 23 anos, ama o esporte não tem porque vc ficar insistindo nesse curso que não tem nada a ver com vc. Levou anos mas vc se tocou disso, só que se fosse com 23 não seria tão tarde, hoje já estaria formada e ajudando pessoas a se manterem em forma, coisa que vc ama fazer.
Falando em esporte…o que vc tá esperando que também não largou de jogar basquete??? Pô Giselle, vc já passou dessa idade de ficar obedecendo técnica, indo a treinos coletivos com pessoas que não estão nem ai pra vc, passoas que fingem serem suas amigas, sem contar que em jogos vc leva chá de banco porque sua técnica não enxerga seu potencial. E suas companheiras? Vc pensa que elas são suas amigas? Engano seu viu, só querem te ver pelas costas. Ah, e como vc admite que te chamem por esse apelido infame??? Não creio nisso, vc aceita? Giselle, não estou te reconhecendo. Saia fora disso antes que eu vá ai e te tire a força. Vá pedalar, correr que eu sei que vc ama isso que precisa disso como se fosse o ar que vc respira.
Ainda bem que não demorou muito pra vc sair dessa fase. Comece logo a pedalar viu, vc vai se sair muito bem em competições, esporte individual é a sua cara, só depende de vc e do seu esforço exclusivamente. Te garanto que por mais que vc não ganhe todas as competições, que vc não tenha um bom desempenho, a única pessoa que poderá te cobrar será vc mesma. Não é o máximo isso??? Então compre logo sua bike menina.
Bom Gi, agora mais calma, não tenho uma notícia muito boa pra vc, no meio de algumas mudanças em sua vida, seu noivado chegará ao fim e vc descobrirá que as pessoas que eram seus amigos, não eram exatamente seus, só dele e elas te virarão as costas, vc sofrerá meses, entrará em depressão e ficará na solidão, terá que refazer sua vida quase que do zero, mas não se preocupe, sua família te dará tanto apoio que vc verá que não precisa de ninguém, apenas deles e vc terá um novo amor que compensará tudo que passou, vc será tão feliz que não lembrará mais disso. Mas te aviso, prepare-se qua a vida não é um mar de rosas, quando vc menos espera a casa cai, mas vc saberá levantar.
Bom Gi, quando vc tiver 33 anos, tenha certeza que vc estará muito melhor que com 23, mais magra, mais bonita e mais madura, forte e corajosa. Ainda não terá filhos mas terá um amor pra vida toda viu e junto com vcs a familia unida, o esporte junto (a bike claro) e poucos amigos, porém verdadeiros, assim espero. Só que lembre-se, sempre fique esperta com as pessoas, elas podem te dar uma rasteira a qualquer momento.
Agora vc me pergunta, como estou me sentindo com 33 anos? Olha, depois de passar por tanto sofrimento, hoje te digo que estou bem, me recuperando aos poucos das decepções mas super tranquila, apaixonada (pela vida também e principalmente), não me importo mais com o que as pessoas pensam de mim, não to nem ai pra quem me fez sofrer, também não tenho mais papas na lingua, não fico mais quieta quando não concordo com algo, sei dizer não, falo na cara das pessoas o que penso, porque aprendi com a vida a ser assim e feliz. Olha, também fique atenta que as pessoas que te viraram as costas tentarão se reaproximar, mas não deixe viu, é pura falsidade, hipocrisia. Esculache mesmo, não tenha dó.
Então é isso Gi, foram muitos erros sabe, alguns que não comentei aqui, mas depois de todos esses conselhos, acho que vc saberá seguir sua vida. E olha, aqui em 2014 vc será muito bem recebida e cuidada, pode apostar.

Tati, desculpa, mas eu me senti super a vontade pra fazer o mesmo, mandar uma mensagem pra mim mesma há 10 anos atrás. Obrigada viu, me emocionei muito, me identifiquei. Te adoro, sem te conhecer mas adoro vc e seu blog, beijos!!!

Maria Clara

Oi, Tati!

Sempre visito o Passaneura, mas não sou do tipo que comenta muito. Feio, né? Eu sei! Desculpe!
Adoro as resenhas que você faz e sempre que estou muito brava com alguma coisa no trabalho, como hoje, respiro com um café e venho te visitar =)

Adorei esse post e resolvi que era de tomar vergonha e comentar. Afinal, o seu trabalho por aqui é maravilhoso por si só e merece reconhecimento.

Também fiz Direito numa federal do Rio e me identifiquei exatamente com as aflições dos estudos, resultados, entrevistas, enfim, com essa parte “ativa” que, independentemente de você gostar muito da profissão, de repente isso não está se encaixando muito bem. Também escreveria uma carta para o meu eu de, acho que, 8 anos atrás. E essa vontade me deu, primeiramente, com um livro que, após esse post, acho que seria legal repartir a dica: “Perdão, Leonard Peacock” – do Matthew Quick (o mesmo autor de O Lado Bom da Vida, que é ótimo, mas a escrita dele nesse novo trabalho está muito mais madura e menos hollywodiana). O personagem central também escreve cartas para si mesmo, mas como se elas estivessem sido escritas do seu “eu” do futuro, dizendo que tudo que ele está passando será diferente e que ele se tornará alguém muito melhor, com uma família que realmente o ama e faz a vida valer a pena. Ganhei no último Natal de uma pessoa muito querida e devorei em 02 dias, mas estou louca para ler de novo.

Bom, dica a parte, diria para mim, há 8 anos, que, de repente, ser a melhor em algo talvez não seja a coisa mais importante na vida. O importante é viver. A ambição é algo bom, mas com temperamentos, e os anos que eu dediquei a trabalhar doze horas por dia, inclusive finais de semana, apenas para tentar crescer mais rápido, me deixaram uma pessoa muito infeliz e sozinha. Além disso, deixei de lado a minha família e perdi amizades longas, por falta de cuidado e cultivo delas. E a coisa que mais me machuca foi que a minha vózinha – minha base, minha fortaleza e meu direcionamento por toda a vida – estava em um hospital, no final do ano passado, e, apesar de nunca me pedir nada por respeito a essa rotina maluca que eu escolhi, perguntou se eu podia vê-la. Eu saí tarde do trabalho e acabei não indo, pois tinha uma viagem marcada para o final de semana, que era uma fuga de tudo o que estava acontecendo. Achei que ficaria tudo bem. Mas, às 7h da manhã do dia seguinte, recebi uma ligação que mudou tudo dali para frente. Ela se foi, para um lugar melhor, eu sei, sem dor, mas a minha rotina, fruto da minha escolha de prioridades, me impediu de dizer o quanto nada disso importa e que eu a amava mais do que tudo.

O que eu mais queria era poder escrever para mim mesma dizendo que o tempo me dará o valor que mereço e que eu não preciso atropelar etapas, priorizando o meu lado profissional em detrimento das pessoas que amo. Diria para ficar calma e confiar mais em mim mesma, pois desespero e ansiedade só fazem você entristecer e nunca estar satisfeita com nenhum resultado.

De todo modo, há coisas que também vão bem e que a vida não tem só um lado ruim. Falaria para ficar tranquila, porque aquele namorado, no final, era um tremendo babaca. Terminar com ele iria me fazer sofrer e MUITO, mas me ajudaria a reconhecer o valor do marido que está ao meu lado hoje, sem o qual eu não suportaria nem um segundo dessa vida que levo. Ele é a razão de eu conseguir levantar todos os dias, apesar de ter perdido a minha base maior, a minha “vó-mãe”.

Obrigada, Tati, por repartir isso com a gente e parabéns pelo trabalho incrível que você faz aqui.

Um grande beijo,
Maria Clara