Eu não sou fã de Anitta, mas…

(Imagem: reprodução)

Recentemente, a cantora Anitta fez uma série de lançamentos: apresentou a capa do seu novo álbum, o seu novo single e o seu respectivo clipe. O fato é que a cantora ficou ainda mais na mídia nos últimos dias – também pudera – e com isso, deu o que falar.

O clipe, de visual pop art, é o que de fato tem gerado um burburinho na mídia – tanto entre os fãs, como os veículos de comunicação em si. A produção ficou incrível, mas o fato de algumas pessoas mencionarem a similaridade com o clipe Crazy do grupo de K-Pop 4minute é que tem dado uma apimentada extra no lançamento. Eu não vou entrar no mérito se o clipe é ou não é parecido com o do grupo de K-pop, pois este não é o objetivo da postagem e, sinceramente, mesmo sendo uma pessoa que ama música, não é algo que eu queira discutir.

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Eu não sou fã de Anitta, mas após a quantidade de comentários sobre o novo clipe, eu me rendi à curiosidade e o assisti no YouTube. Estou fazendo este texto para falar do clipe da Anitta? Sim e não. Parece confuso, mas vocês vão entender: eu resolvi fazer esta postagem após cometer o “erro” de ler a parte de comentários do clipe.

A realidade é que vivemos em um mundo machista!

Infelizmente, a maioria dos comentários não era para avaliar a qualidade do novo single, ou mesmo o clipe em si, mas sim falar das supostas celulites da cantora!

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É difícil ter que aceitar que, uma mulher em sua vida profissional, seja avaliada sempre pela sua aparência ou mesmo pelos seus defeitos. Não há motivo para avaliar a qualidade do trabalho, não é mesmo? Pois, poxa, a gente pode focar no corpo da pessoa e em avaliar se ele é ou não é dentro dos padrões estipulados pela sociedade. É muito mais legal e saudável ter uma atitude corrosiva de crítica extrema – só que o contrário.

Agora a parte curiosa disso tudo é que tudo isso só confirma o que já é sabido: a maioria dos comentários foi de mulheres. Ou seja, acaba que, ao invés de nos defendermos, caímos na armadilha de apontar os defeitos umas das outras e cair nas garras do machismo de nos colocar como inimigas. É lamentável? É. Porém, é a realidade.

Nós vivemos em um momento de muita hipocrisia e o motivo é bem simples. Se uma revista abusa no uso do Photoshop, todo mundo reclama, pois poxa, queremos ver mulheres reais. Porém, se alguma celebridade aparece com um pontinho de celulite (ou com uma barriguinha, como foi o caso do Vin Diesel) é apontado como um erro mortal. Então é preciso decidir: ou se critica o uso desenfreado do Photoshop e se enaltece as mulheres reais, ou se critica os defeitos que todos são passíveis de ter. Não dá para querer as duas coisas, pois são coisas opostas e defender os dois (o não uso excessivo do Photoshop e criticar mulheres reais) torna tudo muito hipócrita e incoerente.

Eu fico realmente preocupada com tudo isso, pois, mesmo não acompanhando a carreira de Anitta, sei que muita adolescente a acompanha. Então eu penso: o que uma adolescente vai pensar ao ler comentários assim? Vai pensar que, se Anitta, uma mulher independente e famosa é detonada por causa do seu corpo, o que dirá ela, uma simples anônima.

As pessoas não notam que esta pressão para que todos sejam perfeitos é algo ruim para a sociedade e para a saúde e autoestima das pessoas (principalmente das mulheres). É uma busca eterna pelo inalcançável. Uma busca eterna para atingir algo perfeito e inatingível.

É lamentável ver que, uma das coisas mais comentadas sobre o clipe da cantora Anitta, não seja o seu trabalho em si, mas o seu corpo. Não é algo que deva ser normal. Vamos aprender valorizar o trabalho das pessoas e não apenas os seus corpos.

O primeiro passo é se amar. É se olhar no espelho e amar o que vê – mesmo que, o que você vê, não seja o considerado perfeito. Vamos diminuir a amargura na internet (mesmo que seja difícil), pois as coisas não estão certas – não estão certas mesmo.