Life of Pi foi lançado no Brasil com o nome As Aventuras de Pi. O filme foi baseado no livro de Yann Martel e lançado no final de 2012. Teve onze indicações ao Oscar deste ano e venceu o de Melhor Diretor, Melhor Fotografia, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Trilha Sonora.
Eu sempre gostei muito de assistir filmes, mas de uns tempos pra cá eu tenho visto mais seriados do que filmes. O motivo é simples: é que eu acho fascinante o desenrolar de um enredo em 10-12-24 episódios e a profundidade que tudo é abordado em uma série, enquanto em um filme a coisa fica sempre corrida. Eu admito que eu nunca tinha visto as coisas por este ângulo, mas depois de ver tantas séries, todo filme que eu assisto eu tenho a impressão de estar corrido demais.
Mas explicações sobre ver ou não ver filmes a parte, vamos ao filme né?
Quando eu vi que As Aventuras de Pi havia sido lançado no Brasil e tinha a opção em 3D eu fiquei louca para assistir, pois até hoje não superei o fato de não ter visto Avatar em 3D. Mas adivinhem? Combo início de ano e férias escolares. Ou seja, o filme ficou apenas uma semana em cartaz aqui no meu bairro e eu não consegui assistir em 3D. Dito isto, este post é com a opinião de quem viu em 2D hahaha.
O filme é sobre a história do indiano Piscine Molitor, filho do dono de um zoológico na Índia. Tudo começa com um escritor que conhece um tio de consideração de Piscine e é aconselhado a ouvir a sua história. Ele vai até ele e Pi, então já adulto, começa a contar a sua história desde a sua infância.
A história começa de verdade quando a família de Pi resolve ir embora da Índia para recomeçar a vida no Canadá. Eles embarcam num concorde com todos os membros da família e os animais do zoológico -, pois o pai de Pi queria vende-los na América, já que os animais eram mais valorizados por lá.
Assim que eles embarcam, o navio pega uma tempestade e naufraga. A família toda de Pi fica no navio e ele é o único humano que consegue entrar no barco salva-vidas. Por que humano? Porque nessa hora uma zebra entra no barco também.
No dia seguinte ele descobre que dentro do barco está ele, a zebra e uma hiena. Depois de um tempo aparece um orangotango fêmea boiando em cima de um cacho de bananas e no barco fica ele, a hiena, o orangotango e a zebra. Claro que a hiena ataca a zebra e o macaco. E quem mata a hiena? O tigre, que milagrosamente também estava escondido no barco salva-vidas.
A partir dai a história passa a ser a sobrevivência de naufrago de Pi no bote e as suas artimanhas para não ser morto pelo tigre. O filme é incrível, de verdade. Mostra os limites humanos, as surpresas, a esperança, a adaptação, etc.
No final das contas Pi fica mais de 200 dias a deriva no mar e acaba chegando ao México, onde é encontrado. Nesse momento eu pensei “caramba, que filmão, definitivamente um dos melhores filmes que eu já vi na vida”. Então que enquanto Pi está em recuperação no hospital, dois responsáveis pelo tal navio chegam e pedem uma explicação sobre o ocorrido, para que assim o seguro seja pago. Ele conta a história que é retratada no filme, mas eles pedem uma história convincente e é então que ele conta que ele e mais três pessoas sobrevivem e explica tudo o que aconteceu até ele chegar ao México.
E ai você pensa: o que é verdade, o que é retratado no filme, ou a história que ele conta no final? Nenhuma é verdade e nenhuma é mentira! A ideia é que cada pessoa escolha o final que ache mais adequado. Há na verdade um conflito de paradigmas, ou seja, entre a teologia é a lógica exata. Quem prefere a vertente da teologia preferirá a história da sobrevivência com o tigre, do milagre. Já quem prefere a lógica exata irá preferir a história de que cada sobrevivente foi retratado na história de Pi como um animal.
Todo esse conflito entre teologia e lógica fez com que o filme perdesse a graça para mim. O motivo é que eu detesto filmes sem final, pois sempre há aquela frustração. Sei que tem muita gente que ama filme assim, mas este não é um tipo de filme que me agrada.
No final das contas eu não consigo parar de pensar no final do filme e a minha conclusão é que sim, eu prefiro a vertente teológica, ou seja, de que Pi sobreviveu com o tigre. Por outro lado, a minha conclusão é que a verdade “verdadeira” é a de que cada sobrevivente foi retratado por Pi como um animal e o tigre na verdade é ele mesmo. Quem assistiu conseguirá raciocinar comigo: o tigre – teoricamente – esteve no barco salva-vidas o tempo todo, porém ele só aparece quando a hiena ameaça os outros animais, por quê? Simples, pois o tigre representa o sentimento desperto em Pi naquele momento, uma nova face, uma nova realidade e a sua adaptação de acordo com a situação que estava.
A minha opinião final é que a fotografia do filme é incrível, de encher os olhos. Todos os prêmios foram merecidíssimos, mas o final deixou um pouco a desejar, porém eu reitero que isso é de acordo com o meu gosto para filmes.
Alguém mais já assistiu As Aventuras de Pi? Quem quiser deixar o seu entendimento sobre o final nos comentários será super bem-vindo, pois adoro ler a opinião de vocês 😉
36 Comments
Jaciara
28/03/2013 at 13:16Oie, eu assisti esse filme e realmente é uns dos melhores filmes que ja vi se não o melhor,
vale a pena assistir muito bom mesmo beijos adorei o post 🙂
Tatiana Michels
29/03/2013 at 00:03Obrigada Jaciara!
Beijo enorme!
grazieli
28/09/2013 at 18:50É VERDADE O FILME É MUITO BOM MESMO, NOTA 10 BEIJOS!!!
Tatiana Michels
30/09/2013 at 20:23♥
Giselle
28/03/2013 at 14:46Olá Tati
Também não gosto de filmes sem final. Prefiro acreditar que ele sobreviveu junto com o tigre, um ajudando o outro a sobreviverem, embora o tigre não tenha reconhecido isso quando foi embora sem nem sequer olhar para trás, peguei amor por aquele tigre, no final magro e fraco. O filme é lindo, realmente emocionante, intrigante. Mereceu seus premios…
Tatiana Michels
29/03/2013 at 00:03Oi Giselle!
Impossível não se apaixonar pelo tigre né? Eu me emocionei, pois adoro felinos e ver um bicho tão indomável naquele estado mostrou realmente como a vida é né?
Um beijo enorme!
Lilian Manhaes
28/03/2013 at 21:49Eu vi o filme e não achei que faltou um final não, na verdade achei que ficou claro que ele realmente ficou naquele barco com os animais, porém os caras do seguro acharam a história fantasiosa demais e duvidaram dele e pediram uma versão convincente e ele percebeu que ninguém acreditaria nele então usou a inteligência e retratou o mesmo que ocorrido, mas trocando os animais por humanos. Agora a parte “fantasia’ e nada a ver – acho que foi muito sol na moleira kkkk foi que aquela ilha de suricatos comia os humanos kkkk, mas acho mesmo que nesse ponto ele já devia estar surtado porque quem pode avaliar o que se passa com o psicológico de uma pessoa nas condições dele? Ahh eu gostei demais e concordo que mereceu os prêmios que ganhou. Bjss
Tatiana Michels
29/03/2013 at 00:02Eu adorei ler a opinião de vocês, ver o ponto de vista de cada um ♥
A parte da ilha realmente foi uma viagem hahahaha mas a fotografia do lugar era tão linda *_*
Beijo enorme Lilian!
Bruna
28/03/2013 at 22:41Massa tratar de outros temas no blog.. =)
Filme é muito pessoal, mas tenho pra mim (no auto da minha falta de crença, que em nada deixou de se encantar com a reflexão teológica do filme) que não faria sentido se optar por um final apenas, fosse o cético ou o crente. O final de Pi é nosso.. é a escolha que fazemos perante a vida. Optar pela fantasia ou pela realidade seria limitar nossa escolha na vida, de seguir um dogma, ter alguma crença ou simplesmente não acreditar.
Claro, como eu disse, opinião é opinião. Nem sempre filmes vão compactuar com nossos gostos, mas acho que o final é o que deu o charme ao roteiro para muitos (junto aos efeitos de tirar o fôlego, a fotografia). Esse embate trouxe profundidade ao que poderia ser mais um filme pipoca.
Beijos!
Bruna
28/03/2013 at 22:42*alto da minha falta de crença
Tatiana Michels
29/03/2013 at 00:01Eu adoro falar de outras coisas, pois muitas vezes sinto necessidade de compartilhar algo que não é necessariamente algo de “beleza” hahaha.
Esse ponto que você mencionou é verdade: a vida é assim. É engraçado isso, mas o final é realmente como a vida é, um mar de escolhas, de incertezas, de várias verdades…
Beijo enorme!
Deise
28/03/2013 at 22:56Eu ainda não assisti, mas só ouvi boas recomendações. O interessante da história é que ela foi “baseada” em um livro do escritor gaúcho Moacyr Scliar. http://www.nerdspot.com.br/2012/cinema/a-historia-de-pi-e-um-plagio-da-literatura-nacional-brasileira/ Só que não li a partir do spoiler por razões óbvias! Pretendo assistir ainda e não quero perder as surpresas.
Beijos
Tatiana Michels
29/03/2013 at 00:00Foi super inspirada mesmo!
Veja Deise, acho que você vai gostar muito 🙂
Beijo enorme!
taiana
28/03/2013 at 23:33Este filme nada mais é que a cópia do livro do Moacyr Sclair – Max e os felinos – http://www.youtube.com/watch?v=jIQitu5oYWw
Tatiana Michels
28/03/2013 at 23:59Sim, o livro de Yan foi inspirado no de Moacyr 🙂
Beijos Taiana!
Aguida
29/03/2013 at 17:49Ainda não vi mas estou com muita vontade de ver…
adoro suas dicas! E te acho mega linda *-*
http://www.aguidamendes.com.br
Tatiana Michels
30/03/2013 at 17:25Own, obrigada Aguida ♥
Cristina Costa Beber
30/03/2013 at 17:14Bá Tati, eu tenho a mesma opinião da Lilian de que (para mim) ficou claro de que a história com o tigre realmente aconteceu e que no final ele contou a outra história só para os caras do seguro.. Tanto é que ele parecia confuso e tinha que pensar para contar a história das pessoas, que não aconteceu.. Sei lá, eu sai com essa impressão sabe.
Achei o filme maravilhoso de lindo, mas uma viagem na maionese por todas as coisas loucas que acontecem..
Na verdade a parte que ele fica mudando de religião no início eu achei um porre, e gostei do filme só na parte do barquinho já..
E ameeei o Richard Parker, e fiquei muuuuito chateada quando ele foi embora sem olhar para trás.. Tipo eu fiquei puta com o tigre, hahaha..
No fim o filme é lindo mesmo, tu enche os olhos vendo, mas daí tu pensa “óbvio que nunca ia acontecer”, o que não importa na verdade, porque o filme é lindo demais.. Haha
Beijos Tati!
Tatiana Michels
30/03/2013 at 17:26Eu fiquei magoada com o Richard Parker hahahaha levei pro lado pessoal junto com o personagem HAHAHAHAHA
Jean Ramos
22/09/2013 at 11:25Meninas, a historia que o Pi contou no final, é de fato, a historia verdadeira. Pi realmente matou o cozinheiro, e o cozinheiro matou sua mãe e o budista.
Quando Pi pergunta ao entrevistador qual historia ele preferia, ele disse a primeira, que é a historia fictícia de que Pi ficou no barco com um tigre, quando na verdade esse tigre nunca existiu, é sim era ele! O conflito é interno, a luta pela sobrevivência e a luta por si mesmo. Afinal ele pecou, fez coisas que nunca imaginou fazer, uma viajem de arrependimento.
Os japoneses que entrevistaram o Pi no hospital, inicialmente não acreditaram nele, e queriam a historia verdadeira, que Pi conta. E eles escolhem a fictícia (vemos isso quando o entrevistador pega os documentos guardados) e eu te pergunto, porque?
” De que é melhor aceitarmos a vida de uma maneira extraordinária, dentro de uma aventura épica, ao lado de animais selvagens, enfrentando todos os medos, passando por ilhas misteriosas e, no final, descrever algo que transmita orgulho. Do que, simplesmente, relatar uma tragédia, cercada de assassinatos, evidenciando a podridão e escória da alma humana.”
A Razão vs A Fé(ou imaginário). A real historia de tragédia e a historia de ficção. Todos foram contra a razão é preferiram o imaginário, simplesmente pq nós precisamos de algo maior em que acreditar, precisamos do magnífico, precisamos de “Deus”.
E é isso que o final nos diz, que graças a fé dele, ele conseguiu sair vivo de algo que seria uma grande tragédia.
Tatiana Michels
23/09/2013 at 02:57Ótima crítica Jean 😀
Abraços!
Jean Ramos
22/09/2013 at 11:30Ah, não conhecia o site e ,desde já, parabéns pelo trabalho.
Estava navegando e observando os comentários e críticas sobre o filme e acabei aqui ;D rs
Beijão!
Tatiana Michels
23/09/2013 at 02:57Obrigada 🙂
Beijos!
Neo-k
27/09/2013 at 12:02Só tem apenas um jeito de saber qual história eh verdadeira.. descobrindo se bananas flutuam ou não…
Tatiana Michels
30/09/2013 at 20:32Boa hahaha
Beijos.
Sande Alves
04/11/2013 at 17:46Bom, assistir o filme e amei, infelizmente não vi o final, mas por tudo que foi retratado, foi um belíssimo final, acredito sim, que a história retratada no filme tenha sido verdadeira e que mais surpreendente ainda foi esse final, pois, ninguém acreditaria nos fatos narrados por PI e então ele teve uma linda inspiração para contar os fatos de uma forma “convincente”. Magnífico.
Tatiana Michels
10/11/2013 at 15:06Oi Sande!
Depois veja o final no YouTube, pois vale muito a pena e torna o filme ainda mais emocionante.
Beijos.
Amynn Ruan
13/01/2014 at 10:08Eu simplesmente adorei a tua análise do final! É algo que pra mim embora estivesse exposto não ficou claro, acho q pelo conflito que nos é proposto desde o inicio (logica vs fé) e nos “força” a escolher um lado e tê-lo como verdade, ser chocado com a outra possibilidade da historia me trouxe certa confusão e teu texto esclareceu as coisas. Adorei o filme, a análise e concordo contigo, o final teológico é melhor embora eu ache q o logico deva ser o “real”.
PS: no final do filme o escritor ler uma carta onde relata q ele sobreviveu junto de um tigre. Bom mas tudo não passou de um relato dele, então ninguém tem como provar…
Tatiana Michels
14/01/2014 at 15:19Oi Amynn!
Que bom que gostou da análise e que ela te ajudou a entender o final 🙂
A versão teológica é mais confortável para mim, pois a vida já é tão “realista” que eu prefiro os finais mais fantasiosos e bonitos hahaha
Um super beijo.
Indentificando
21/02/2015 at 23:46A verdade… muito além
Patterson
12/11/2015 at 11:16Realmente o Tigre era na verdade o próprio PI e ele representava a animalidade o instinto oculto dentro dele, pois, o tigre só sai de debaixo da lona quando a hiena mata a fêmea de Orangotango, como cada animal representava uma pessoa e a Orangotango era a mãe do PI, ele se revoltou e matou o cara (a hiena) que matou a mãe dele… ou seja ele despertou o lado brutal dele, irracional… PI era extremamente religioso (acreditava em deuses de diferente religiões sem haver conflito entre as religiões na cabeça dele) e vegetariano, incapaz de matar um animal, imagina matar uma pessoa então, foi por isso que ele despertou o lado de “tigre” dele, na minha opinião é óbvio que a segunda história (realista) é a verdadeira, mas acho também que PI surtou e foi esse surto que fez ele fantasiar os animais, e que viagem, que loucura a parte da ilha carnívora, loucura mas foi sensacional!
poucas pessoas repararam na parte da ilha que o Tigre estava mal, muito mal no bote, mas quando PI chega à ilha de manhã, logo depois ele vê o tigre correndo com todo o vigor de um animal selvagem e matando alguns suricates, ou seja, a ilha não foi nada mais que um sonho ou um delírio! Adorei o filme, o final me surpreendeu, mas de serta forma eu já esperava, pois a parte da ilha entregou que a primeira istória era fantasiosa demais!
Selmara Correa dos Santos
14/11/2015 at 17:07O filme é emocionante, lindo, a fotografia é espetacular, amei o tigre, chorei quando a zebra, e o orangotango morreu, percebi e entendi quando o Richard Parker não olhou para trás devido ao adeus, sendo que no começo ele diz nunca ter dito um adeus, e também pode ser retratando como o ser humano é ingrato, nos apegamos e sem nenhuma razão nos deixam, simplesmente vão embora. Mais um filme na lista dos meus preferidos.
Claudio oberdan n da silva
14/02/2016 at 16:20Gente raciocinem a ilha simplesmente representa desisti de morre
Filipe
14/02/2016 at 17:49No filme o escritor procura Pi por dois motivos: ter uma boa história para seu livro; e passar a acreditar em Deus. Mas onde aperece Deus no filme ?
Tatiana Michels
14/02/2016 at 18:41Acredito que no próprio milagre em si, dele ter saído vivo da situação, de ter passado pelas provações.
GUITEMBERG CARNEIRO NUNES DA SILVA _
15/02/2016 at 17:28Tatiane,
O filme nos leva a reflexão. Concordo com a avaliação positiva sobre as belas fotos do filme e a boa direção, O fato que chamou minha atenção foi a pergunta sobre a existência de Deus. No final o personagem pergunta ao escritor se ele agora estava convencido da existência de Deus. Fiquei encucado com o final, sobre as duas histórias. Consegui entender a resposta quando li uma resenha sobre o livro, pois a história real do cozinheiro arrogante ataca a mãe de PI, logo depois PI reage e mata o cozinheiro. Logo PI é o Tigre de Bengala. Assim a história da humanidade é dura e cruel, por isso devemos fantasiar uma história com um homem tentando conter uma fera exterior, aprendendo a domar essa fera. A religião é a forma de domar a fera que existe na sociedade. O grande mito de Deus. Gostei dessa linha de pensamento.